Avaliação dos pares de nervos cranianos

Avaliação do I par de nervo craniano (nervo olfatório)

O nervo olfatório está inserido no cérebro, mais especificamente no lobo frontal.

A via que o nervo olfatório percorre é células olfativas, axônios, placa cribriforme, bulbo olfatório, trato olfatório, córtex olfatório e chega ao sistema límbico.

O trato olfatório já faz parte do sistema nervoso central. O córtex olfatório está localizado abaixo do trato olfatório e é responsável pelo processamento do odor.

A principal função do nervo olfatório é a olfação, ou seja, a via sensorial para percepção consciente de odor. A percepção consciente do olfato ocorre no interior dos lóbulos piriformes e não pelo nervo olfatório em si.

Os cães apresentam 200 milhões de receptores olfatórios em cada narina enquanto os seres humanos apresentam 10 milhões de receptores olfatórios, mas os receptores olfatórios dos cães são muito mais especializados do que os receptores olfatórios dos seres humanos. Os cães apresentam um olfato muito melhor do que os seres humanos devido a essa maior quantidade de células olfativas e devido à sua melhor especialização.

Raramente testamos o nervo olfatório, pois não tem como testar o nervo olfatório adequadamente. Como os animais não respondem verbalmente ao odor que estão sentindo, o resultado da avaliação do nervo olfatório passa a ser subjetiva. 

Não é só porque o animal está farejando que significa necessariamente que está sentindo odor.

Quando colocamos algo irritante para a narina e o paciente afasta a cabeça ou espirrar, significa que a substância irritou o nervo trigêmeo (V par de nervo craniano) e não o nervo olfatório em si.

Avaliação do II par de nervo craniano (nervo óptico)

  • Localização

    Parte do nervo óptico é formado pelas células ganglionares da retina, que é uma estrutura localizada no interior do bulbo ocular.

    O nervo óptico vai sair do bulbo ocular, vai formar o cone óptico e parte das fibras vai até o tronco encefálico, mais especificamente no mesencéfalo, estimular o nervo oculomotor (III par de nervo craniano), para ocasionar no reflexo pupilar fotomotor, enquanto a outra parte das fibras vai até o quiasma óptico.

    O forame óptico, também chamado de canal óptico e que está localizado no fundo da órbita, é o local por onde penetra o nervo óptico para chegar ao cérebro.

    O nervo óptico está inserido no cérebro, mais especificamente no diencéfalo, abaixo do tálamo, próximo ao quiasma óptico e rostral à glândula pituitária. A porção sensória do nervo óptico está localizada no córtex occipital.

    Tudo o que está caudal ao quiasma óptico é chamado de trato óptico, sendo que o trato óptico está localizado no sistema nervoso central. 

Quiasma óptico

A principal função do quiasma óptico é conferir a visão binocular nos pacientes.

Parte das fibras dos 2 nervos ópticos se cruzam no quiasma óptico e a outra parte das fibras dos 2 nervos ópticos vai diretamente ao diencéfalo estimular o nervo oculmotor.

Cada espécie animal apresenta uma quantidade diferente de fibras que se cruzam no quiasma óptico, ou seja, as fibras do bulbo ocular direito passam para o lado esquerdo no quiasma óptico e vice-versa e esse cruzamento das fibras é chamado de “decussação”.

Quanto mais próximo aos bulbos oculares estiverem na face, mais as fibras nervosas se cruzam no quiasma óptico. Quanto mais binocular o animal for, menor vai ser a decussação das fibras nervosas.

A porcentagem de fibras dos nervos ópticos que se cruzam no quiasma óptico nas espécies é:

Espécies não-mamíferas:

Aproximadamente 100% das fibras do nervo óptico se cruzam no quiasma óptico nas espécies não-mamíferas.


Equinos e bovinos:

Aproximadamente 83 a 87% das fibras do nervo óptico se cruzam no quiasma óptico dos equinos e bovinos.


Cães: 

Aproximadamente 75% das fibras do nervo óptico se cruzam no quiasma óptico dos cães.


Gatos:

Aproximadamente 67% das fibras do nervo óptico se cruzam no quiasma óptico dos gatos.


Seres humanos:

Aproximadamente 50% das fibras do nervo óptico se cruzam no quiasma óptico nos seres humanos. 

A distribuição das fibras do nervo óptico é ordenada, ou seja, as fibras que estão no lado direito do nervo óptico se mantém ao lado direito enquanto as fibras que estão no lado esquerdo do nervo óptico vão para o lado esquerdo, por exemplo. Existe uma ordem na decussação das fibras nervosas.

Há uma inversão da imagem na região onde as fibras do nervo óptico se cruzam. 

A imagem processada no lado direito vai ser interpretada no lado esquerdo do lobo occiptal, por exemplo. Entretanto, o lobo occipital corrige a imagem que foi invertida no quiasma óptico

O lobo occipital, que está localizado próximo ao cerebelo, é a área responsável pela projeção e processamento visual.A alteração no nervo óptico pode ocasionar em perda parcial ou completa da visão, ou seja, cegueira parcial ou completa da visão.Caso o nervo óptico estiver lesado, a informação da luminosidade do ambiente não vai ser transmitida ao nervo oculomotor e haverá uma diminuição ou ausência do reflexo pupilar fotomotor no bulbo ocular afetado.

Funções

A principal função do nervo óptico é fornecer a visão, pois o nervo óptico é uma via sensorial para a visão e para os reflexos pupilares fotomotores.

O nervo óptico tem função de transmitir a imagem que a retina (estrtutra localizada no interior do bulbo ocular) recebeu até o quiasma óptico e, consequentemente, para o encéfalo, mais especificamente no lobo occipital.

Estimular o nervo oculomotor:O nervo óptico, que apresenta células fotossensíveis, está relacionado com a via aferente do reflexo pupilar fotomotor.

O nervo óptico detecta o aumento de luz do ambiente. Ao detectar a luminosidade do ambinete, o nervo óptico estimula o nervo oculomotor a realizar a contração pupilar, ou seja a realizar miose. 

Como avaliar?

Função cortical:

A visão é uma função cortical, ou seja, é necessária a consciência do paciente.

O paciente precisa estar consciente para podermos avaliar a visão sendo que a visão é avaliada por testes de comportamento.


Estruturas oculares transparentes:

Antes de realizar os testes parava avaliar o nervo óptico, nós temos que avaliar se as estruturas oculares estão transparentes para avaliarmos se o paciente enxerga adequadamente. 

Não conseguimos avaliar se o paciente que apresenta catarata, edema de córnea e/ou hifema, por exemplo, é visual.

Visualização do paciente:

Podemos solicitar ao responsável ir à nossa frente entre a recepção e o consultório, pois assim nós já podemos visualizar o comportamento do paciente. Normalmente o paciente cego caminha atrás do responsável, mas geralmente o paciente com visão caminha na frente do responsável.

Temos que avaliar o comportamento do paciente dentro do consultório também. Podemos solicitar ao responsável deixar o paciente solto pelo consultório.


Colocação de objetos:

Para realizarmos o teste de obstáculo, nós precisamos colocar alguns obstáculos no ambiente como cadeira, mesa e/ou lixeira, por exemplo, e o paciente precisa desviar desses obstáculos.

Precisamos avaliar se o paciente esbarra nos objetos, se o paciente anda pelo consultório com cautela e/ou se o paciente desvia dos objetos somente após tateá-los, por exemplo.


Resultado falso-positivo:

Desequilíbrio ou queda:

Não podemos interpretar o desequilíbrio ou a queda do paciente como cegueira.


Ambiente silencioso:

Precisamos solicitar ao responsável não falar nada, pois geralmente o paciente, cego ou não, caminha em direção ao responsável.

Teste mais fidedigno:

A resposta de piscar à ameaça é o teste mais fidedigno que nos informa se o paciente é visual ou não, pois a resposta de piscar à ameaça é o único teste que testa todas as vias visuais ao mesmo tempo. 

A resposta à ameaça ou agressão é uma resposta fiel à visão, pois utiliza todas as vias visuais como a retina, nervo óptico, quiasma óptico, trato óptico, corpo geniculado lateral, radiações ópticas, córtex visual, córtex motor, córtex cerebelar e núcleo motor do nervo facial.

A resposta de piscar à ameaça nos indica se o paciente consegue enxergar, pois o paciente precisa enxergar o movimento e ter a reação de fechar as pálpebras.


Não é um reflexo:

A resposta de piscar a ameaça não é um reflexo, pois envolve integração e interpretação encefálica cortical, ou seja, envolve a consciência da visão. A resposta de piscar à ameaça requer integração das vias cerebrais e é afetado pela função cerebral.

O paciente também deve aprender que tem que piscar quando houver uma ameaça ao bulbo ocular. Entretanto, o paciente já nasce com os reflexos, ou seja, os reflexos não precisam ser aprendidos.

O paciente precisa estar consciente e ter aprendido para ter a resposta de piscar à ameaça ou agressão.


Realização do teste:

Introdução:

Para realizarmos o teste de ameaça, nós precisamos ameaçar a bater no bulbo ocular dos pacientes sendo que a nossa movimentação não precisa ser feita muito rapidamente.


Realização longe do paciente:

A estimulação para ocasionar na resposta de piscar à ameaça ou agressão deve ser realizada longe do animal. 

Entretanto, a resposta de piscar à ameaça é muito consistente mesmo com a estimulação longe.


Testar cada bulbo ocular separadamente:

Caso o paciente permitir, devemos testar cada bulbo ocular separadamente.


Tampar um bulbo ocular:

Para realizar a resposta de piscar à ameaça, nós precisamos tampar um bulbo ocular e realizamos o movimento de ameaça no bulbo ocular contralateral.


Diversas localizações:

Temos que testar a resposta de piscar à ameaça ou a agressão em várias posições diferentes. 

Devemos fazer o teste tanto na região central do bulbo ocular quanto na região periférica do bulbo ocular.


Realizar o teste múltiplas vezes:

Importante realizarmos diversas vezes a resposta de piscar à ameaça, pois o animal, principalmente o gato, que pode estar muito estressado, não pisca, mas todas as vias visuais do animal podem estar inalteradas.


Somente utilizar um dedo e com a mão aberta:

A resposta de piscar à ameaça deve ser realizada com um único dedo e com a mão aberta para não gerar turbulência de ar. 

Importante não encostar nos pelos faciais do paciente durante a nossa movimentação.


Resultado positivo:

A resposta de piscar à ameaça positiva indica que a via aferente e a via eferente da visão estão respondendo e pode ser classificada como ausente, diminuída ou normal.

Quando realizamos a resposta de piscar à ameaça, o paciente retira a cabeça, fecha as pálpebras, ocorre a retração do bulbo ocular e exposição da terceira pálpebra, promovida pelo nervo abducente (VI par de nervo craniano) e ocorre midríase, ou seja, dilatação pupilar. Entretanto, essa resposta pode ser discreta nos animais que estão com medo.

Alguns pacientes apresentam um campo visual reduzido, mas apresentam a resposta de piscar à ameaça positiva. Normalmente esses pacientes alteram a posição da cabeça para poder enxergar com o campo visual disponível, mas isso não é um head tilt verdadeiro. Essa alteração pode nos indicar que o paciente apresenta perda de campo visual, mas não tem como avaliar a dimensão do campo visual do paciente apenas com a resposta de piscar à ameaça.


Resultados falso-positivos:

Alterações ocasionadas pela turbulência de ar gerada durante a nossa movimentação:

O nervo trigêmeo (V par de nervo craniano) inerva a superfície da córnea. Caso gerarmos turbulência de ar, o ar vai estimular a córnea e vai estimular o nervo trigêmeo. 

Entretanto, caso o paciente estiver cego e nós estimularmos a córnea, o paciente vai piscar devido à estimulação do nervo trigêmeo e não devido à resposta de piscar à ameaça em si.


Alterações ocasionadas quando encostarmos nos pelos faciais:

O nervo facial (VII par de nervo craniano) inerva os pelos faciais. 

Caso encostarmos nos pelos faciais, o paciente vai piscar devido à estimulação do nervo facial e não devido à resposta de piscar à ameaça em si.


Resultados falso-negativo:

Pacientes jovens:

O teste de ameaça pode estar ausente nos animais com idade prematura para a espécie, pois os animais ainda não aprenderam a piscar.

O que promove a maturação da resposta de piscar à ameaça é a constante ameaça aos olhos. Os animais aprendem que é importante a fechar os olhos na presença de uma ameaça.

A resposta de piscar à ameaça vai depender do aprendizado do paciente. O cão e gato com idade inferior a 2 a 16 semanas de idade pode não apresentar a resposta de piscar à ameaça, pois ainda não aprendeu a piscar quando há uma ameaça em direção a seu bulbo ocular e não devido à cegueira.


Gato:

A resposta de piscar à ameaça pode ocasionar em resultados falso-negativos nos gatos, pois os gatos assustados ou estressados podem não piscar devido ao estresse em si e não devido a uma cegueira, por exemplo. 

Os gatos respondem pouco à resposta de piscar à ameaça, pois os gatos são mais medrosos quando comparado com os cães. 

Caso o paciente estiver muito estressado, devemos aguardar o paciente se acalmar para realizarmos o teste de piscar à ameaça adequadamente.


Realizar o reflexo pupilar fotomotor antes da resposta de piscar à ameaça:

Caso fizermos o teste de reflexo pupilar à luz  antes da resposta de piscar à ameaça, o paciente não vai enxergar nada e o teste de resposta de piscar à ameaça vai dar um falso-negativo.

O teste de reflexo pupilar à luz deve ser sempre realizado após o teste de resposta de piscar à ameaça.


Pacientes com alteração no nervo trigêmeo:

O paciente com lesão no nervo trigêmeo não apresenta sensibilidade dolorosa na córnea e por isso que o paciente é visual e não apresenta resposta de piscar à ameaça, mesmo se encostarmos na córnea do paciente com lesão no nervo trigêmeo.


Pacientes com alteração no nervo facial:

O nervo aurículo-palpebral, que é um ramo do nervo facial, inerva as pálpebras e faz com que o paciente consiga piscar. 

Caso o paciente apresentar alteração no nervo facial como nos casos de síndrome de Horner, por exemplo, o paciente não vai piscar quando tentarmos realizar a resposta de piscar à ameaça, mas isso não significa que o animal está cego. 

Antes de realizarmos a resposta de piscar à ameaça ou agressão, nós precisamos testar o nervo facial. Para realizar o reflexo palpebral, nós devemos encostar o nosso dedo na pálpebra do animal para ver se o animal fecha as pálpebras.


Pacientes com alteração no córtex cerebelar:

Parte do trajeto do teste de piscar à ameaça passa pelo córtex cerebelar, ou seja, pelo cerebelo. As fibras nervosas que vão fazer a movimentação das pálpebras precisam passar pelo córtex cerebelar para chegar ao córtex motor.

Há pacientes que enxergam os objetos no ambiente, conseguem desviar dos objetos do ambiente e não apresentam alteração no nervo facial, mas apresentam a resposta de piscar à ameaça negativo. 

Entretanto, o paciente com alteração no córtex cerebelar, ou seja, no cerebelo vai apresentar outras alterações e não somente resposta de piscar à ameaça negativa.


Pacientes com disfunção cognitiva:

Os pacientes com disfunção cognitiva desaprendem que é necessário fechar às pálpebras devido a uma ameaça ao bulbo ocular e por isso que o paciente com disfunção cognitiva apresenta resposta de piscar à ameaça negativo, mas isso não significa que o paciente está cego.


Pacientes apáticos, comatosos ou que estão indiferentes ao ambiente:

A resposta de piscar à ameaça vai ser negativa caso o paciente apresentar letargia ou com alteração sistêmica importante, por exemplo.

Utilização:

Resposta de piscar à ameaça inconclusiva:

O teste de movimento é útil quando a resposta de piscar à ameaça for inconclusiva. 


Gatos:

O teste de movimento é muito útil nos gatos, pois os gatos são muito curiosos. 


Pacientes jovens:

O teste de movimento também é muito útil nos pacientes com idade entre  2 a 16 semanas de vida, pois esses pacientes ainda não aprenderam que é importante piscar devido a uma ameaça.


Realização:

Objeto sem cheiro e que não provoque ruído:

Podemos utilizar uma bola grande de algodão ou uma gaze como objeto que não apresenta cheiro e não ocasiona em ruído.


Laserpoint:

O laserpoint é utilizado principalmente para os gatos.


Resultado positivo:

O paciente deve acompanhar com a cabeça o objeto utilizado ou o laserpoint ou a nossa movimentação. 

Alguns pacientes não movimentam o bulbo ocular ou a cabeça para acompanhar o objeto, mas esses pacientes movimentam a orelha e a movimentação das orelhas significa que o paciente possui visão.


Resultado falso-negativo:

Bola de algodão pequena:

Alguns pacientes não visualizam uma pequena bola de algodão.


Realização do teste diversas vezes:

O paciente perde o interesse no objeto depois de várias tentativas. Podemos realizar o teste de movimento no máximo 2 vezes em cada bulbo ocular.


Pacientes que não estão prestando atenção:

Temos que ter certeza de que o paciente está prestando atenção antes de realizarmos o teste de movimento.

Utilização:

Gatos:

O teste de reação postural é muito útil para os gatos que estão indiferentes aos objetos.


Resposta de piscar à ameaça inconclusiva com teste dos obstáculos positivo:

Devemos realizar o teste de reação postural nos pacientes que conseguiram caminhar sem problemas no ambiente, mas que apresentam resultado da resposta de piscar à ameaça inconclusiva.


Realização:

Para realizarmos o teste de reação postural, nós precisamos pegar o paciente no colo e caminhar com o paciente. 

Geralmente quando nós nos aproximamos da mesa de atendimento ou do responsável com o paciente no nosso colo, o paciente movimenta o membro e isso indica que o paciente apresenta visão.

(Foto: teste de reação postural utilizando bola de algodão. O paciente deve acompanhar com a cabeça o movimento da bola de algodão [Fonte: Canine and Feline Epilepsy, 2014[)

Introdução:

O exame potencial evocado visual avalia a função visual do animal e avalia retina, nervo óptico e sistema nervoso central.


Raramente utilizado:

Raramente realizamos o exame do potencial evocado visual na medicina veterinária.

Avaliação do III par de nervo craniano (nervo oculomotor)

O nervo oculomotor, antigamente chamado de nervo motor ocular externo, está inserido no mesencéfalo. O nervo oculomotor está inserido no início do bulbo cerebral próximo a muitos centros vitais e próximo ao tálamo.

O nervo oculomotor está inserido na base do cérebro e passa por uma região chamada de seio cavernoso, que é uma região repleta de vasos sanguíneos e nervos como próprio nervo oculomotor, nervo troclear (IV par de  nervo craniano), nervo abducente (VI par de nervo craniano) e o ramo oftálmico do nervo trigêmeo (V par de nervo craniano). Após passar pelo seio cavernoso, o nervo oculomotor atravessa a fissura óptica, também chamada de fissura orbitária. 

Depois de atravessar a fissura orbitária, o nervo oculomotor atravessa o forame orbitário, que é um forame maior.

Após atravessar o forame orbitário, o nervo oculomotor se divide em 2 ramos que são o ramo dorsal do nervo oculomotor e o ramo ventral do nervo oculomotor, que é composto por fibras parassimpáticas.

Inervação de músculos intraoculares:

O nervo oculomotor apresenta fibras motoras parassimpáticas que inervam alguns músculos intraoculares.

Os músculos intraoculares inervados pelo nervo oculomotor são:

Músculo do esfíncter pupilar:

O músculo do esfíncter pupilar é responsável por fazer a íris contrair na presença de luz, ou seja, é o responsável por ocasionar em miose.

O músculo do esfíncter pupilar está localizado na íris ao redor da pupila e esse músculo é mais forte do que o músculo dilatador pupilar, que é inervado pelo nervo trigêmeo (V par de nervo craniano).


Músculo ciliar:

O músculo ciliar, localizado no corpo ciliar, é responsável por contrair e relaxar o cristalino para fornecer acomodação visual, focalizar o objeto desejado e fazer com que a luz chegue até a retina.


Inervação dos músculos extraoculares:

O nervo oculomotor inerva alguns músculos extraoculares e está relacionado com a movimentação do bulbo ocular.

O nervo oculomotor inerva 4 músculos extraoculares que são:

Músculo reto dorsal:

O músculo reto dorsal movimenta o bulbo ocular para o sentido dorsal.

O músculo reto dorsal não é um músculo muito forte.


Músculo reto medial:

O músculo reto medial, também chamado de músculo reto interno.

O músculo reto medial promove adução do bulbo ocular


Músculo reto ventral:

O músculo reto ventral movimenta o bulbo ocular para o sentido ventral


Músculo oblíquo ventral:

O músculo oblíquo ventral movimenta o bulbo ocular para o sentido ventral e para o sentido nasal.


Inervação palpebral:

O nervo oculomotor inerva alguns músculos palpebrais como:

Músculo elevador da pálpebra superior.


Músculo de Müller:

O músculo de Müller também é responsável por abrir a pálpebra.

Reflexo pupilar fotomotor

O reflexo pupilar fotomotor é chamado de reflexo e não de resposta.

O reflexo é um processo inato e inconsciente, ou seja, o paciente já nasce apresentando reflexo e está presente mesmo quando o paciente está inconsciente e não pode ser inibido, diferentemente de uma resposta no qual é um processo em que o paciente precisa aprender e não apresenta quando está inconsciente como nos casos de resposta de piscar à ameaça, por exemplo.

Avaliar função do nervo oculomotor.


Localizar lesão no sistema nervoso central: 

O reflexo pupilar fotomotor pode nos indicar se a cegueira é central, ou seja, a cegueira é de origem encefálica ou se a cegueira é de origem periférica, ou seja, cegueira ocular.


Indicativo de visão?:

O reflexo pupilar fotomotor não é um indicador confiável da visão do paciente ou do funcionamento normal da retina.

A presença do reflexo pupilar fotomotor não é indicativo de visão, pois o reflexo pupilar fotomotor está localizado na região subcortical enquanto a imagem é processada no lobo occipital.

Não é só porque a pupila não contrai com o estímulo à luz que significa que o paciente está cego, pois há pacientes completamente cegos que podem apresentar reflexo pupilar fotomotor positivo.

A retina pode apresentar alteração grave muito comprometida, mas uma pequena porção funcional da retina já é capaz de ocasionar em reflexo pupilar fotomotor positivo.


Fornecer prognóstico:

O reflexo pupilar fotomotor nos fornece prognóstico das alterações encefálicas como nos traumas crânioencefálicos, por exemplo.

O ambiente deve ser tranquilo e estar escuro para que possamos realizar o reflexo pupilar.

Para fazermos o reflexo pupilar fotomotor de maneira adequada, é necessário utilizarmos uma luz convergente, ou seja, uma luz que converge para o mesmo ponto. De maneira ideal, importante utilizar uma luz que não promove muito artefato, seja de coloração branca, seja pontual e potente.

As lanternas possuem luz divergente, ou seja, a luz diverge para vários pontos diferentes, por exemplo. A luz fornecida pela lanterna do aparelho celular é boa, mas não é a melhor opção de uso.

O paciente que recebe pouca iluminação no bulbo ocular pode apresentar um escape pupilar. O escape pupilar ocorre quando a retina, que é uma estrutura presente no interior do bulbo ocular, está se adaptando à luz do dia ou quando o bulbo ocular for iluminado com luz de pouca intensidade. O escape pupilar consiste em miose inicialmente, mas depois a pupila volta a dilatar.

(Foto: realização do reflexo pupilar fotomotor [Fonte: Canine and Feline Epilepsy, 2014])

Reflexo pupilar fotomotor direto:

O reflexo pupilar fotomotor direto indica que as vias aferentes e eferentes do quiasma óptico estão intactas.


Reflexo pupilar fotomotor consensual:

O reflexo pupilar fotomotor consensual indica que as vias eferentes estão normais e consiste na visualização da miose do bulbo ocular contralateral ao bulbo ocular que nós estamos emitindo o feixe de luz.

A intensidade da miose do reflexo pupilar fotomotor consensual depende da quantidade de fibras do nervo óptico que decussaram no quiasma óptico. A intensidade da miose do flexo pupilar fotomotor consensual é:

Seres humanos:

Nos seres humanos, aproximadamente 50% das fibras nervosas são cruzadas no quiasma óptico e 50% das fibras nervosas não decussam no quiasma óptico e por isso que o reflexo pupilar fotomotor consensual é o mesmo do reflexo pupilar fotomotor direto.


Cães:

Nos cães, aproximadamente 25% das fibras não se cruzam, ou seja, há aproximadamente 75% de decussação das fibras nervosas no quiasma óptico e por isso que o reflexo pupilar fotomotor consensual é menor, mais fraca e mais lenta quando comparado com o reflexo pupilar fotomotor consensual dos seres humanos.


Gatos:

Aproximadamente 33% das fibras dos gatos não se cruzam no quiasma óptico.


Equinos e bovinos:

Nos equinos e bovinos, aproximadamente de 13 a 17% das fibras não se cruzam e por isso que o reflexo pupilar fotomotor consensual desses animais é muito discreto, mas o reflexo pupilar fotomotor consensual tem que ocorrer.


Aves?:

Nas aves, 100% das fibras nervosas decussam no quiasma óptico e por isso que as aves não apresentam reflexo pupilar fotomotor consensual.

Resultados positivos:

A pupila deve contrair, ou seja, deve ocorre miose tanto no bulbo ocular em incidimos uma luz convergente quanto no bulbo ocular consensual.


Resultados falso-negativo:

Obstrução em estruturas oculares:

A pupila não vai contrair caso houver alguma opacidade no bulbo ocular que esteja impedindo a passagem da luz como nos casos de hifema severo, sinéquias, cataratas e subluxação ou luxação do cristalino, por exemplo.


Coloboma de íris.


Glaucoma.


Atrofia do músculo da íris: 

A íris tende a se atrofiar no paciente idoso fazendo com que os pacientes idosos apresentem menor contração da pupila, mas isso não significa que há uma alteração na retina.


Isquemia da íris: 

Os pacientes com glaucoma apresentam isquemia da íris.


Bloqueio da pupila:

A sinéquia, luxação do cristalino e o glaucoma promovem o bloqueio da pupila.


Dislipidemia:

Alguns pacientes com dislipidemia podem apresentar depósito de lipídeo na córnea, no humor aquoso e/ou na retina fazendo com que ocorra a diminuição da velocidade de transmissão do impulso nervoso.


Medicações que ocasionam em dilatação pupilar:

Alguns opióides como o tramadol, por exemplo, ocasiona em midríase, principalmente nos gatos.

A atropina, sistêmica ou tópica ocasiona em midríase.


Níveis elevados de catecolaminas sérica:

As catecolaminas como a adrenalina, noradrenalina e fenilefrina, por exemplo, são simpaticomiméticos e promovem midríase. 

A contenção muito brusca e demorada do paciente pode fazer com que ocorra midríase fixa e persistente devido à elevação na concentração de catecolaminas sérica.

Avaliação do IV par de nervo craniano (nervo troclear)

O nervo troclear está inserido no mesencéfalo.

Assim como o nervo oculomotor, nervo abducente e o ramo oftálmico do nervo trigêmeo, o nervo troclear está inserido na base do cérebro, atravessa pelo seio cavernoso, atravessa pela fissura orbitária e atravessa pelo forame orbitário.

Inervação de músculo extraocular:

Músculo extraocular oblíquo dorsal:

O músculo extraocular oblíquo dorsal faz o bulbo ocular rotacionar no sentido dorsal e medial.

Avaliação do posicionamento e movimentação ocular:

Para avaliar o nervo troclear, nós podemos avaliar o posicionamento do bulbo ocular com o paciente em repouso e avaliar o nistagmo fisiológico.

Avaliação do V par de nervo craniano (nervo trigêmeo)

O nervo trigêmeo está inserido na ponte encefálica, sendo que esse é o único par de nervo craniano inserido na ponte encefálica.

O nervo trigêmeo passa próximo ao osso petroso temporal, que está inserido próximo à bula timpânica. O nervo trigêmeo penetra no crânio pelo forame oval.

Após o gânglio do nervo trigêmeo, o nervo trigêmeo se divide em 3 ramos na órbita do animal e por isso é chamado de trigêmeo. Um ramo do nervo trigêmeo inerva a órbita, um ramo que inerva a maxila e o outro ramo inerva a mandíbula. O nervo trigêmeo inerva a maior parte da face dos animais.

Os ramos do nervo trigêmeo são chamados de:

Nervo oftálmico:

O nervo oftálmico, também chamado de nervo supraorbital, penetra no bulbo ocular através do ligamento orbitário, que é o ligamento que preenche a órbita, pois a órbita dos cães e gatos é incompleta.

O nervo oftálmico promove inervação sensória para os olhos, canto medial da face e narina.


Ramos:

Assim como o nervo oculomotor, nervo troclear e nervo abducente, o ramo oftálmico do nervo trigêmeo passa pelo seio cavernoso.

O ramo oftálmico do nervo trigêmeo apresenta ramificações que são:

Nervo nasocililar longo:

O nervo nasociliar longo, que é um ramo do nervo oftálmico, inerva a córnea e carreia fibras simpáticas. 

O nervo nasociliar longo também inerva a terceira pálpebra, o sistema lacrimal, o canto nasal e a mucosa da cavidade nasal.


Nervo lacrimal:

O nervo lacrimal, que é outro ramo do nervo oftálmico, vai para as glândulas lacrimais e carreia fibras parassimpáticas.


Nervo maxilar:

O nervo maxilar promove inervação sensória para o canto lateral da face e narinas.


Nervo mandibular:

O nervo mandibular promove inervação sensória para a mandíbula e promove inervação motora para os músculos da mastigação.

Funções

O nervo trigêmeo carreia tanto fibras sensórias quanto fibras motoras, além de carrear fibras simpáticas e fibras parassimpáticas.

A função do nervo lacrimal, que é um ramo do nervo trigêmeo, é de estimular as glândulas lacrimais a produzirem a porção aquosa do filme lacrimal, ou seja, produzir a parte aquosa da lágrima.

O nervo trigêmeo é responsável pela sensibilidade sensorial e dolorosa de diversas esruturas da face como:

Bulbo ocular.


Superfície da córnea.


Glândulas lacrimais.


Pálpebras e região periocular.


Região nasal.


Região labial.


Região maxilar.


Região mandibular.

O nervo trigêmeo está envolvido na mastigação através da inervação da inervação do:

Músculo masseter.


Músculo temporal.


Músculo digástrico.


Músculo pterigoideo medial.

Por apresentar fibras simpáticas e inervar o músculo dilatador da íris, o nervo nasociliar longo é responsável por promover midríase, ou seja, dilatação pupilar.

O nervo trigêmeo está envolvido na mastigação através da inervação da inervação do:

Músculo masseter.


Músculo temporal.


Músculo digástrico.


Músculo pterigoideo medial.

Por apresentar fibras simpáticas e inervar o músculo dilatador da íris, o nervo nasociliar longo é responsável por promover midríase, ou seja, dilatação pupilar.

Como avaliar?

Importante avaliar a simetria da face, principalmente avaliar a simetria do músculo temporal e músculo masseter bilateral.

A avaliação da simetria da face deve ser realizada tanto através da inspeção quanto da palpação.

Caso aproximarmos uma substância irritativa como álcool ou pimenta, por exemplo, próxima  à narina do paciente e o paciente espirrar, significa que o nervo trigêmeo foi estimulado. 

O paciente espirra com substâncias irritativas mesmo quando esse paciente apresentar anósmia, ou seja, mesmo quando não estiver sentindo o olfato, ou seja, o paciente espirra mesmo quando houver alteração no nervo olfatório.

Sensibilidade palpebral:

O nervo trigêmeo promove a sensibilidade sensorial e dolorosa palpebral.

Caso o enconstarmos na pálpebra medial ou temporal e o paciente piscar, significa que o paciente apresentou sensibilidade sensorial na pálpebra. Entretanto, a redução da sensibilidade da pálpebra pode ser sutil e pode não ser detectada.

Entretanto, o nervo trigêmeo deve ser avaliado concomitantemente com o nervo facial (VII par de nervo craniano), pois o nervo facial é responsável pela porção motora das pálpebras.


Sensibilidade labial:

Para avaliar a sensibilidade labial, devemos tocar ou pinçar os lábios do paciente. Caso houver sensibilidade no lábio, o paciente retrai o lábio.


Testar sensibilidade nasal:

Para avaliarmos o nervo trigêmeo, nós podemos estimular a região da narina do paciente com algum objeto, pois a narina é uma região muito sensível ao toque e qualquer coisa como secreção e objeto, por exemplo, na narina incomoda.

O paciente que apresenta alteração no nervo trigêmeo não vai apresentar sensibilidade na narina e o paciente não vai ter reação caso introduzirmos uma pinça na narina. A falta de sensibilidade em uma narina significa que a lesão estará do lado oposto a narina afetada. Entretanto, o paciente que está semicomatoso ou comatoso também não apresenta reação caso introduzirmos um objeto em sua narina, pois o paciente nesses quadros não está consciente.

(Foto: teste da sensibilidade nasal utilizando pinça [Fonte: Canine and Feline Epilepsy, 2014])

Para avaliar a função motora do nervo trigêmeo, podemos abrir a boca dos pacientes para avaliar a simetria dos músculos mastigatórios e a resistência da mandíbula à abertura da boca.

Avaliar se boca fica fechada após o seu reposicionamento ou se a boca volta a ficar aberta espontaneamente.

(Foto: teste da função motora do nervo trigêmeo [Fonte: BSAVA Manual Canine and Feline Neurology, 2014])

Como uma parte do nervo trigêmeo inerva as glândulas lacrimais para produzir a porção aquosa do filme lacrimal, podemos realizar o teste de Schirmer para avaliar a quantidade da porção aquosa do filme lacrimal.

O reflexo corneano é um dos reflexos mais sensíveis do corpo e tem como intúito de proteger o bulbo ocular.

O reflexo corneano é avaliado tocando-se a periferia da córnea, para evitar uma resposta de piscar à ameaça, com um objeto não lesivo como um chumaço de algodão, ponta de cotonete ou fibra de um estesiômetro, por exemplo.

A resposta positiva ao teste do reflexo corneano faz com que ocorra a retração do bulbo ocular, protrusão da terceira pálpebra e fechamento das pálpebras.

(Foto: teste do reflexo corneano utilizando um chumaço de algodão [Fonte: Veternary Ophthalmology, 2021])

Avaliação do VI par de nervo craniano (nervo abducente)

O nervo abducente está inserido no bulbo encefálico, logo após a ponte encefálica, mas o núcleo do nervo abducente está localizado no mesencéfalo caudal. O nervo abducente está muito próximo ao nervo facial (VII par de nervo craniano).

Assim como o nervo oculomotor (III par de nervo craniano), o nervo troclear (IV par de nervo craniano) e o ramo oftálmico do nervo trigêmeo (V par de nervo craniano), o nervo abducente está inserido na base do cérebro, atravessa pelo seio cavernoso, atravessa pela fissura orbitária e atravessa pelo forame orbitário.

Inervação de músculo extraocular:

O nervo abducente apresenta inervação motora ocular simpática o músculo reto lateral.

A função do nervo abducente é oposta à função do nervo troclear (IV par de nervo craniano). Uma das funções do nervo abducente é movimentar o bulbo ocular lateralmente, ou seja, “o nervo abducente abduz os olhos”.


Inervação do músculo retrator do bulbo ocular:

O nervo abducente também é responsável pela retração do bulbo ocular. 

Somente os animais apresentam o músculo retrator do bulbo ocular e os seres humanos não possuem esse músculo. 

Os animais possuem capacidade de retrair o bulbo ocular caso o animal se sentir ameaçado e/ou quando estiver com dor no bulbo ocular.

A via eferente da retração do bulbo ocular é realizada pelo nervo abducente enquanto a via aferente da retração do bulbo ocular é realizada pelo nervo trigêmeo (V par de nervo craniano).

Avaliação do posicionamento e movimentação dos bulbos oculares:

Podemos avaliar o nervo abducente através da visualização de presença de nistagmo fisiológico e avaliar o posicionamento e movimentação dos bulbos oculares quando o paciente estiver em repouso.


Avaliar retração do bulbo ocular:

Pressionar bulbos oculares:

Caso pressionarmos levemente os bulbos oculares através das pálpebras, é possível sentir que o bulbo ocular está sendo retraído pelo músculo retrator do bulbo ocular, que é o músculo inervado pelo nervo abducente.


Avaliar reflexo corneano:

Caso o paciente apresentar alteração no nervo trigêmeo, a córnea não apresentará sensibilidade e não ocorrerá a retração do bulbo ocular.

Avaliação do VII par de nervo craniano (nervo facial)

O nervo facial está inserido no tronco encefálico, próximo ao sistema ativador reticular ascendente (SARA) e ao nervo vestibulococlear (VIII par de nervo craniano).

Assim como o nervo oculomotor, nervo troclear e nervo abducente, o nervo facial também está inserido na base do cérebro. 

O nervo facial e o nervo vestibulococlear passam pelo meato acústico interno, atravessam o osso petroso temporal (que fica próximo ao ouvido médio) e somente o nervo facial chega até a órbita através do forame estilomastoideo.

O nervo facial possui trajeto próximo ao do nervo trigêmeo, que é na região massetérica, ou seja, do músculo masseter e próximo ao osso petroso.

Carreia fibras simpáticas e parassimpáticas:

O nervo facial carreia tanto as fibras simpáticas quanto as fibras parassimpáticas.

O nervo facial carreia fibras parassimpáticas para as glândulas nasais, glândulas salivares e glândulas lacrimais.


Estimulação da produção de saliva:

O nervo facial estimula as glândulas salivares como a glândula submandibular e a glândula sublingual, por exemplo, para produzir a saliva.


Estimulação da produção lacrimal:

Assim como o nervo trigêmeo, o nervo facial também tem função de estimular as glândulas lacrimais a produzirem a porção aquosa do filme lacrimal, ou seja, a porção aquosa da lágrima através da estimulação da glândula lacrimal.  

O nervo facial apresenta fibras parassimpáticas que estimulam as glândulas lacrimais a produzirem a porção aquosa do filme lacrimal.


Fornecer simetria facial:

O nervo facial promove simetria da face, pois o nervo facial inerva as pálpebras, os lábios, o pavilhão auricular e a língua.


Movimentação palpebral:

O nervo facial inerva a pálpebra superior, a pálpebra inferior e a terceira pálpebra. 

As fibras motoras do nervo facial dão origem ao nervo aurículo-palpebral, que tem função de movimentar as pálpebras, ou seja, o nervo facial promove a ação motora das pálpebras, diferentemente do nervo trigêmeo que promove a função de sensória e dolorosa palpebral.

Há alguns ramos do nervo facial, que apresentam fibras simpáticas, que participam da movimentação da terceira pálpebra através da musculatura lisa presente na terceira pálpebra.


Promover o sentido do paladar:

O nervo facial carreia fibras sensoriais em aproximadamente 2/3 das papilas gustativas da porção rostral da língua.


Umidificar narina:

O nervo facial inerva a glândula nasal e estimula a umidificação da narina.

Dentro da cavidade nasal há a glândula nasal, que é responsável em manter parte da umidade da narina.

Como avaliar?

Nós não conseguimos avaliar a gustação dos pacientes da medicina veterinária, pois os animais não falam qual é o sabor do alimento que estão sentindo.

Avaliar posicionamento dos lábios:

Lábio superior: 

Avaliar lesão em lábio superior.

Para avaliar a movimentação dos lábios superiores, nós podemos pinçar o lábio. Lembrar que a porção sensória do lábio é realizada pelo nervo trigêmeo  enquanto a porção motora dos lábios é realizada pelo nervo facial e por isso que esse resultado deve ser sempre associado com a avaliação do nervo trigêmeo.


Lábio inferior:

Alguns pacientes com alteração no nervo facial podem apresentar o lábio inferior caído devido à flacidez dos lábios.


Pavilhão auricular:

Podemos realizar algum barulho no consultório para avaliar o posicionamento e movimentação das orelhas.


Pálpebras.


Narinas:

Observar narinas durante respiração.

Importante avaliar o aspecto da córnea e realizar o teste de Schirmer, pois alguns pacientes com alteração no nervo facial pode apresentar córnea úmida e brilhante, mas como resultado do teste de Schirmer diminuído.

Para testarmos o nervo facial, nós podemos encostar no pavilhão auricular com um objeto, pois assim nós testamos a porção sensória do nervo facial. 

Caso o paciente movimentar o pavilhão auricular, significa que foi o nervo facial sentiu o objeto e realizou o movimento. 

Entretanto, nem sempre os pacientes movimentam o pavilhão auricular na estimulação e isso não significa que o paciente apresenta lesão no nervo facial.

Realização:

Para testar o reflexo palpebral, nós devemos encostar nas pálpebras do paciente com um objeto ou com os dedos. A palpação pode ser realizada tanto no canto medial quanto no canto lateral.


Resultado esperado:

Caso o paciente fechar as pálpebras normalmente ao encostarmos nas suas pálpebras, significa que o reflexo palpebral não apresenta alterações.


Resultado negativo:

Caso o paciente fechar parcialmente as pálpebras, significa que há fraqueza dos músculos faciais e alteração no nervo facial.


Associar sempre com a avaliação do nervo trigêmeo:

Importante associarmos a avaliação do nervo facial com a avaliação do nervo trigêmeo, pois a via aferente do reflexo palpebral é realizada pelo nervo trigêmeo e a via eferente do reflexo palpebral é realizada pelo nervo facial.

(Foto: realizando o reflexo palpebral [Fonte: Canine and Feline Epilepsy, 2014])

Avaliação do VIII par de nervo craniano (nervo vestibulococlear)

Assim como o nervo trigêmeo e o nervo facial, o nervo vestibulococlear está inserido no tronco encefálico. Esses três nervos estão próximos um dos outros.

Os receptores de audição e de equilíbrio do nervo vestibulococlear estão localizados no osso petroso enquanto os axônios do nervo vestibulococlear estão localizados no meato acústico interno próximo ao nervo facial. Algumas fibras do nervo vestibulococlear passam pelo cerebelo.

Inervar o gânglio simpático cervical.


Fornecer equilíbrio e audição:

O nervo vestibulococlear inerva o ouvido médio.

Uma das funções do nervo vestibulococlear são fornecer o equilíbrio, através do nervo vestibular, e fornecer a audição, através do nervo coclear. 

O nervo vestibulococlear é um nervo sensorial. A porção vestibular fornece o equilíbrio e a orientação da cabeça em relação à gravidade enquanto a porção coclear fornece a audição. 


Posicionamento do bulbo ocular:

O nervo vestibular é essencial para a manutenção da posição dos bulbos oculares e postura dos bulbos oculares em resposta a mudanças na posição da cabeça.


Interação com nervo facial:

O nervo vestibulococlear apresenta interação com o nervo facial.

O nervo vestibulococlear está relacionado com a propriocepção ocular, pois o animal pisca ao escutar um som alto.

Reação de sobressalto:

A função auditia do nervo vestibulococlear é difícil de avaliar clinicamente. 

A reação de sobressalto consiste em observar a resposta do paciente ao ruído como bater palmas ou apito. Surdez unilateral ou parcial é virtualmente impossível de detectar usando este teste.


Avaliar nistagmo fisiológico:

O nistagmo fisiológico normal é gerado pelos receptores vestibulares, que são receptores sensitivos do nervo vestibulococlear, e pelo movimento dos músculos extraoculares inervados pelo nervo oculomotor, nervo troclear e nervo abducente, que são nervos cranianos motores.


Resposta evocada auditiva de tronco encefálico:

A resposta evocada auditiva de tronco encefálico é uma avaliação objetiva do nervo vestibucoclear.

A resposta evocada auditiva de tronco encefálico mede a atividade elétrica do tronco cerebral em resposta a estímulos auditivos e avalia se paciente pode apresentar diminuição da audição ou surdez.

Avaliação do IX par de nervo craniano (nervo glossofaríngeo)

O nervo glossofaríngeo está inserido no bulbo encefálico, caudal ao nervo vestibulococlear e rostral ao nervo vago.

O axônio do nervo glossofaríngeo está localizado no bulbo rostral enquanto o axônio motor do nervo glossofaríngeo passa pelo forame jugular e pela fissura tímpano-occipital.

Inervação da farínge:

O nervo glossofaríngeo inerva a mucosa e promove a sensibilidade da farínge, promove a movimentação da farínge e inicia o reflexo do engasgo.


Inervação da língua:

O nervo glossofaríngeo inerva as papilas gustativas no terço caudal da língua.


Inervação de glândulas salivares:

O nervo glossofaríngeo inerva a glândula parótida e a glândula zigomática e as estimula a produzir saliva.


Inervação do corpo e seio carotídeo:

O corpo e seio carotídeo são responsáveis por detectar a pressão arterial sistêmica, a concentração de oxigênio sanguíneo (PaO2) e a concentração de dióxido de carbono sanguíneo (PaCO2).


Inervação do músculo estilofaríngeo:

O nervo glossofaríngeo inerva o músculo estilofaríngeo e esse músculo está relacionado com a vocalização e com a deglutição.

O nervo hipoglosso é responsável pela fase faríngea da deglutição, pois o nervo hipoglosso é responsável por empurrar o alimento contra o palato (“céu da boca”) para que ocorra a deglutição.


Responsável pelo reflexo de vômito:

Assim como o nervo vago, o nervo glossofaríngeo é responsável pelo reflexo de vômito.

O reflexo de vômito está presente desde o nascimento.

Reflexo de deglutição:

Devemos avaliar o reflexo de deglutição pressionando gentilmente os ossos hioides e a cartilagem da tireoide. 

O paciente que apresenta o nervo glossofaríngeo intacto vai apresentar o reflexo da deglutição.A neuralgia do glossofaríngeo pode ocasionar em dor durante a deglutição ou vocalização, síncope e/ou bradicardia.


Reflexo do engasgo:

Para realizar o reflexo de engagos, podemos passar um dedo, caneta ou cabo na faringe caudal. Tocar um dos lados da faringe caudal e após o outro lado. 

Caso o paciente não apresentar alteração no nervo glossofaríngeo, haverá a contração da faringe e a elevação do palato mole, indicando que houve reflexo de engasgo.

Avaliação do X par de nervo craniano (nervo vago)

O nervo vago, antigamento chamado de nervo pneumogástrico, é o maior nervo craniano do organismo e a sua inervação é essencialmente visceral. O nervo vago inerva região craniana, cervical, torácica e abdominal.

O nervo vago está relacionado anatomicamente com o nervo facial e com o nervo glossofaríngeo e está inserido no bulbo encefálico próximo ao sistema ativador reticular ascendente.

Inervação em diversos órgãos:

O nervo vago inerva a faringe, laringe, epiglote, esôfago, traqueia, órgãos torácicos e os órgãos abdominais.

O nervo vago é responsável pela inervação parassimpática de pulmões, coração, intestino delgado e estômago.

O nervo vago é longo e se comunica também com o sistema nervoso autônomo.


Carreia fibras parassimpáticas:

As fibras parassimpáticas do nervo vago mantêm as aberturas bronquiolares normais, acelera o peristaltismo intestinal, diminui a frequência cardíaca e aumenta as secreções glandulares dos brônquios, estômago, pâncreas e intestinos.


Responsável pelo reflexo de vômito:

Assim como o nervo glossofaríngeo (IX par de nervo craniano), o nervo vago é responsável pelo reflexo de vômito.

O reflexo de vômito está presente desde o nascimento.


Inervação da mucosa faringeana e traqueia cervical:

O nervo vago promove inervação sentiva e motora da laringe e faringe.

O nervo vago inicia o reflexo de engasgo e o reflexo de tosse.



Inervação do arco aórtico:

O arco aórtico apresenta um receptor que detecta a pressão arterial sistêmica.


Fonação:

O nervo vago participa da fonação, ou seja, o nervo vago  participa nos sons emitidos pelos pacientes como latido e miado.

Auscultar ronco inspiratório.


Reflexo de tosse:

Podemos pressionar a traqueia para avaliar se ocorre o reflexo de tosse. Importante avaliarmos o tipo de tosse que o paciente aprensenta com o reflexo de tosse.

(Foto: realização do reflexo de tosse através da palpação da traqueia [Fonte: Semiologia Veterinária: a Arte do Diagnóstico, 2014])


Reflexo de vômito.


Reflexo oculocardíaco:

A porção parassimpática do nervo vago pode ser avaliada testando o reflexo oculocardíaco, que é obtido aplicando uma pressão digital em ambos os bulbos oculares e observando simultaneamente uma bradicardia reflexa.

Avaliação do XI par de nervo craniano (nervo acessório)

O nervo acessório, antigamente chamado de nervo espinhal acessório, está inserido no bulbo encefálico.

Sustentação do pescoço:

O nervo acessório inerva o músculo da laringe, o músculo trapézio, músculo cleidocervical e porções do esternocefálico e músculo cleidomastóideo e dá a sustentação do pescoço.

Musculatura do pescoço e posicionamento da cabeça:

Para avaliar o nervo acessório, podemos avaliar a musculatura do pescoço e o posicionamento da cabeça.

Importante palparmos o músculo trapézio nos pacientes em que suspeitamos que há alteração no nervo acessório.

Avaliação do XII par de nervo craniano (nervo hipoglosso)

O nervo hipoglosso está inserido no bulbo encefálico, sendo que o núcleo do nervo hipoglosso está inserido no interior do bulbo encefálico.

Reflexo de sucção:

O nervo hipoglosso é responsável pelo reflexo de sucção.

O reflexo de sucção está presente desde o nascimento.


Inervação da língua:

O nervo hipoglosso é responsável pela inervação intrínseca e extrínseca da língua. 

O nervo hipoglosso é essencialmente motor e não é de forma alguma um nervo sensório.

O nervo hipoglosso promove a movimentação da língua, mantém o tamanho da língua e promove a força da língua.

Observação da movimentação da língua:

Podemos colocar algum alimento no nariz do paciente e o observar movimentar a língua.

O paciente somente vai movimentar a língua caso apresentar sensibilidade nasal, realizada pelo ramo maxilar do nervo trigêmeo (V par de nervo craniano), e caso apresentar a porção motora da língua, que é realizada pelo nervo hipoglosso.


Tracionar a língua:

Ao tracionar a língua, o paciente que não apresenta alteração no nervo hipoglosso vai retrair a língua voluntariamente.

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Atualizado em: 21/03/2024