Os cães e gatos possuem tipos de sangue diferentes?

Cães

Grupo DEA (dog erythrocyte antigens)

DEA 1:

Acredita-se que o tipo de sangue DEA 1 dos cães está presente em aproximadamente 50% dos cães no mundo todo. 

O tipo de sangue DEA 1 apresenta subtipos de sangue como o DEA 1.1, DEA 1.2 e DEA 1.3. 

Ao invés de subdividir o tipo de sangue DEA 1 em subtipos, alguns pesquisadores recomendam caracterizar o tipo de sangue DEA 1 como negativo, fraco positivo, positivo moderado e forte positivo.


DEA 3.


DEA 4:

O tipo de sangue DEA 4 está presente em quase 100% dos cães do mundo todo.


DEA 5.


DEA 6.


DEA 7:

O tipo de sangue DEA 7 não compõe a membrana da hemácia, pois o DEA 7 é produzida em outras partes do corpo e se adere à membrana da hemácia.

O DEA 7 está presente entre 6 a 82% dos cães do mundo.


DEA 8. 

Os tipos de sangue do grupo DEA podem ser tanto positivos quanto negativos.

Os cães podem apresentar mais de 1 tipo de sangue ao mesmo tempo, ou seja, o cão pode ser apresentar tanto o tipo de sangue DEA 3 e o tipo de sangue DEA 5 ao mesmo tempo, por exemplo.

Grupo DAL

Antigamente acreditava-se que o tipo de sangue DAL-negativo era exclusivo da raça Dálmata, mas o DAL-negativo já foi visualizado em outras raças como Dobermanns Pinscher, Shih Tzu, Lhasa Apso, Cane Corso, Pug e Mastim.

Os tipos de sangue do grupo DAL podem ser tanto positivos quanto negativos.

Grupo Kai

Kai 1.


Kai 2.

Os tipos de sangue do grupo Kai podem ser tanto positivos quanto negativos.

Os cães podem apresentar Kai 1-positivo ou Kai 2-positivo isoladamente, mas há cães que apresentam Kai 1-negativo e Kai 2-negativo, Kai 1-positvo e Kai 2-negativo ou Kai 1-negativo e Kai 2-positivo ao mesmo tempo, ou seja, o cão apresenta os 2 tipos de sangue ao mesmo tempo.

Classificação não reconhecida pelo comitê internacional

A classificação não reconhecida pelo comitê internacional proposto por alguns pesquisadores é composta por 16 tipos de sangue de cães que são o D1, D2, A, B, C, E, F, G, H, I, L, M, 2a, 43, 44 e 180a.

Gatos

Grupo A/B

O tipo de sangue mais comum nos gatos é do tipo A. 

Os gatos com sangue do tipo A naturalmente não apresentam ou apresentam pequena quantidade de anticorpo anti-B fracos, mas esses anticorpos anti-B são capazes de ocasionar aglutinação microscópica.

O tipo de sangue B está presente em 2,1 a 7,2% dos gatos no mundo todo.

Todos os gatos com sangue do tipo B já apresentam naturalmente grande quantidade de anticorpo contra o tipo de sangue A, ou seja, anticorpo anti-A entre 6 a 8 semanas de idade mesmo sem ter passado por procedimento de transfusão de sangue anteriormente.

O tipo de sangue AB dos gatos também é chamado de tipo C.

A prevalência do tipo de sangue AB no mundo todo é menor do que 1%. 

Os gatos com tipo de sangue do tipo AB não desenvolvem anticorpo contra o tipo de sangue A e contra o tipo de sangue B.

Grupo Mik

Mik positivo


Mik negativo

A quantidade de gatos com os tipos de sangue Mik positivo e Mik negativo é desconhecida.

Qual a importância de saber o tipo de sangue dos cães e gatos?

O anticorpo contra outro tipo de sangue é chamado de aloanticorpo.

O aloanticorpo já pode estar presente nos cães e gatos com algumas semanas de idade ou pode ser produzidos após a realização de transfusão de sangue com sangue incompatível.

Caso for necessário realizar a transfusão de sangue, importante saber qual o tipo de sangue do cão e do gato através do teste de compatibilidade de sangue para obter o melhor resultado da transfusão de sangue e para diminuir a possibilidade de ocorrer reações à transfusão de sangue como hipertermia, hipotensão arterial sistêmica, bradicardia, apneia, vômito, hemoglobinemia, hemoglobinúria, bilirrubinúria e óbito, por exemplo, e para obter o melhor resultado da transfusão de sangue em si.

Precisa fazer o teste de compatibilidade de sangue mesmo se o cão ou o gato nunca terem realizado por uma transfusão de sangue?

O teste de compatibilidade de sangue deve ser realizado em todas as transfusões de sangue, inclusive antes da primeira transfusão de sangue e em cães gatos que nunca receberam transfusão de sangue, pois os cães e gatos apresentam anticorpos contra outro tipo de sangue naturalmente.

Recomenda-se realizar o teste de compatibilidade de sangue antes de todas as transfusões nos cães, inclusive antes da primeira transfusão de sangue, devido à possibilidade de ocorrer sensibilização e desenvolvimento de aloanticorpo entre 4 a 14 dias após a transfusão de sangue de tipos de sangue diferentes como transfusão de sangue com sangue do tipo DEA 1-positivo em um cão com tipo de sangue DEA-negativo, por exemplo.


Em cães, já foi visualizada a presença de aloanticorpo anti-DEA 7 natural de cães com tipo de sangue DEA 1, DEA 7-negativo, Dal, Kai 1 e Kai 2 que nunca foram submetidos à uma transfusão de sangue.



Os gatos podem apresentar aloanticorpos, principalmente os gatos com sangue do tipo B que apresentam aloanticorpo anti-A, com algumas semanas de idade naturalmente e sem nunca terem passado por procedimento de transfusão de sangue.

Compartilhe com sua família e amigos!

  • Referências bibliográficas

    1. ACIERNO, M. M.; RAJ, K.; GIGER, U. DEA 1 Expression on Dog Erythrocytes Analyzed by Immunochromatographic and Flow Cytometric Techniques. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 28, n. 2, p. 592-598, 2014
    2. BARANIDHARAN, G. R. et. al. Prevalence of dog erythrocyte antigen (DEA) I amongst the dog blood donors at Tamil Nadu veterinary and animal sciences university animal blood bank (TABB), India. Hematology & Transfusion International Journal, v. 6, n. 4, p. 46-48, 2018
    3. BHAT, R. A. et. al. DEA Typing in Dogs and its Importance in Veterinary Transfusion Medicine. International Journal of Advance Research in Science and Engineering, v. 7, n. 4, p. 750-753, 2018
    4. BINVEL, M. et. al. Identification of 5 novel Feline erythrocyte antigens based on the presence of naturally occurring alloantibodies. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 35, n. 1, p. 234-244, 2021
    5. BOTTEON, K. D.; GOMES, S. G. R. Transfusão Sanguínea em Felinos. In: JERICÓ, M. M.; NETO, J. P. A.; KOGIKA, M. M. Tratado de medicina interna de cães e gatos, Editora Guanabara Koogan LTDA, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2015, p. 5787-5808
    6. CARLI, E. et. al. Frequency of DEA 1 antigen in 1037 mongrel and purebreed dogs in Italy. BMC Veterinary Research, v. 13, n. 1, p. 1-6, 2017
    7. EBELT, A. K. et. al. Survey o Blood Groups DEA 1, DEA 4, DEA 5, Dal, and Kai 1/Kai 2 in Different Canine Breeds From Diagnostic Laboratory in Germany. Frontiers in Veterinary Science, v. 7, n. 85, p. 1-10, 2020
    8. EULER, C. C. et. al. Survey of Two New (Kai 1 and Kai 2) and Other Blood Groups in Dogs of North America. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 30, n. 5, p. 1642-1647, 2016
    9. Dos SANTOS, S. C. S. et. al. Blood typing in positive DEA 1 dogs: comparative analysis between immunochromatography, hemagglutination and flow cytometry. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 57, n. 1, p. 1-10, 2020
    10. GARCIA-ARCE, M. et. al. Evaluation of the utility and accuracy of body fluids containing red blood cells to determine canine and feline blood types. Journal of Veterinary Emergency Critical Care, v. 33, p. 47-51, 2023
    11. KEHL, A. et. al. Molecular characterization of blood type A, B, and C (AB) in domestic cats and a CMAH genotyping scheme. PLoS One, v. 13, n. 9, p. 1-13, 2018
    12. MCCLOSKY, M. E. et. al. Prevalence of naturally occurring non-AB blood type incompatibilities in cats and influence of crossmatch on transfusion outcomes. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 32, n. 6, p. 1934-1942, 2018
    13. MOROZ, L. R.; VIEIRA, J. Transfusão sanguínea em Cães. In: JERICÓ, M. M.; NETO, J. P. A.; KOGIKA, M. M. Tratado de medicina interna de cães e gatos, Editora Guanabara Koogan LTDA, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2015, p. 5701-5786
    14. PEREIRA, M. E. et. al. Occurrence of DEA 1.1 in blood donor dogs in Cuiabá, Mato Grosso, Brazil. Ciências Agrárias, v. 41, n. 3, p. 1067-1071, 2020
    15. PRIOLO, V. et. al. Naturally occurring antibodies in cats against dog erythrocyte antigens and vice versa. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 20, n. 8, p. 690-695, 2017
    16. PROVERBIO, D. et. al. Prevalence of Dal blood type and dog erythrocyte antigens (DEA) 1, 4 and 7 in canine blood donors in Italy and Spain. BMC Veterinary Research, v. 16, n. 126, p. 1-5, 2020
    17. SPADA, E. et. al. Dog erythrocyte antigen (DEA) 1, 4, 7 and suspected naturally occurring anti-DEA 7 antibodies in Italian Corso dogs. The Veterinary Journal, v. 222, p. 17-21, 2017
    18. SPADA, E. et. al. Evaluation of Association between Blood Phenotypes A, B and AB and Feline Coronavirus Infection in Cats. Pathogens, v. 11, n. 8, p. 1-8, 2022 
    19. SPADA, E. et. al. Prevalence of Blood Types and Alloantibodies of AB Blood Group System in Non-Pedigree Cats from Northern (Lombardy) and Southern (Sicily) Italy. Animals, v. 10, n. 7, p. 1-11, 2020
    20. VIEIRA, S. M. et. al. Distribution of Feline AB blood types: a review of frequencies and its implications in the Iberian Peninsula. Journal of Feline Medicine and Surgery Open Reports, v. 3, n. 2, p. 1-4, 2017

Atualizado em: 15/02/2024