Temperatura corporal

Qual a temperatura corporal normal?

A temperatura corporal normal dos cães é de 37,2 a 39,2° C.

A temperatura corporal normal dos gatos é de 37,8 a 39,2° C.

A temperatura corporal normal dos seres humanos é de 36,0 a 36,9° C.

Por que mensurar a temperatura corporal dos cães e gatos?

A regulação da temperatura corporal é essencial para a manutenção da vida. 

A temperatura corporal está associada com o estado fisiológico, com o bem-estar, com a saúde, com a resposta ao estresse e com doenças que o paciente pode apresentar. 

Nos mamíferos, os sensores térmicos cutâneos medem a temperatura da superfície, enquanto a temperatura central é medida na medula espinhal e em áreas do cérebro.

A mensuração da temperatura corporal é uma parte importante do exame físico e a informação obtida guia o médico veterinário quanto ao diagnóstico e quanto ao tratamento do paciente.

A mensuração da temperatura corporal deve ser confiável, pois a mensuração da temperatura corporal inadequada ocasiona em um diagnóstico e tratamento inapropriados.

Como mensurar a temperatura corporal dos cães e gatos?

Importância do focinho:

Sabe-se que o focinho dos cães apresenta função na regulação da temperatura cerebral. Antes do início da taquipneia, há perda de calor por evaporação devido ao aumento do fluxo sanguíneo no focinho dos cães.


Diferenças entre os seres humanos e os animais:

Seres humanos:

Em seres humanos, o toque tátil de uma mãe em uma criança apresenta 90% de sensibilidade e 50% de especificidade em detectar febre.

Entretanto, essa avaliação pode superestimar a febre em uma criança saudável e são comuns os resultados falso-positivos.


Animais:

Normalmente os responsáveis acreditam que a temperatura do focinho dos pets está relacionada com a saúde. A variação na temperatura do focinho é uma queixa frequente durante a anamnese.

Entretanto, o focinho do cão classificado como morno apresenta somente 29,4% de sensibilidade e 79,5% de especificidade em detectar hipertermia na mensuração da temperatura retal, enquanto o focinho do cão classificado como frio apresenta somente 54,5% de sensibilidade e 62,9% de especificidade em detectar hipotermia na mensuração da temperatura retal.


Correlação com a temperatura retal:

A correlação entre a temperatura do focinho e a temperatura retal, e a habilidade de diagnosticar hipertermia e hipotermia através da avaliação tátil do focinho dos cães são desconhecidas.

Resultado obtido através de câmera termográfica não indicou adequada correlação entre a temperatura do focinho do cão com a temperatura retal. Entretanto, a câmera termográfica correlacionou bem a temperatura do focinho do cão com a avaliação tátil da temperatura do focinho.

(Foto: imagem obtida de uma câmara termográfica indicando: (A) cão com focinho gelado / (B) cão com focinho morno [Fonte: Kennedy, 2021])


Consenso:

A avaliação tátil da temperatura do focinho dos cães não deve substituir a mensuração da temperatura retal.

Introdução:

A pílula termossensória ingerível é utilizada com frequência em seres humanos e em equinos como uma medida segura e válida da temperatura corporal central durante o repouso e durante o exercício físico. 

Entretanto, a pílula termossensória ingerível também pode ser utilizada em cães, sendo que os cães toleram bem essa pílula.


Mensuração:

Após a ingestão da pílula termossensória, a temperatura corporal do paciente é mensurada remotamente através de leitores de radiofrequência.

A mensuração da temperatura corporal realizada através do leitor não determina o local do trato gastrointestinal em que a pílula termossensória está localizada e é necessário realizar radiografia para localizar a pílula termossensória. Entretanto, normalmente a pílula termossensória chega ao cólon descendente em aproximadamente 10 horas após a sua ingestão.


Desvantagens:

Utilizada principalmente em raças de cães de porte grande:

A pílula termossensória ingerível geralmente é utilizada em raças de cães de porte grande como o Labrador Retriever, por exemplo, mas pode ser utilizada com cautela em cães de raças pequenas devido ao tamanho da pílula termossensória.


Alteração no resultado durante exercício físico e hipóxia:

A mensuração da temperatura realizada através da pílula termossensória ingerível sofre influência do exercício físico, pois os pacientes que realizaram exercício físico ou que apresentam hipóxia apresentam diminuição da temperatura do trato gastrointestinal.


Correlação com a temperatura retal:

A mensuração da temperatura pela pílula termossensória ingerível é maior quando comparada com a mensuração da temperatura retal, mesmo quando o paciente estiver em repouso.

Avaliação da temperatura corporal central:

A temperatura corporal central é considerada como padrão-ouro da temperatura corporal, pois reflete a temperatura dos órgãos internos de forma mais aproximada.


Quais órgãos fornecem a temperatura corporal central?:

A mensuração da temperatura corporal realizada com termistores arteriais avalia a temperatura corporal através da artéria pulmonar, através do esôfago e através da vesícula urinária (bexiga).


Desvantagem:

Apesar de ser o padrão-ouro para mensuração da temperatura corporal central, a mensuração da temperatura corporal central por esses órgãos é invasiva e normalmente somente é realizada em pacientes anestesiados ou em pacientes que estão em estado crítico.

Título da descrição

Introdução:

O termômetro em microchip é introduzido na região do subcutâneo do paciente.


Desvantagens:

A implantação do termômetro em microchip na região subcutânea é cara e invasiva, além de não apresentar boa correlação com a temperatura corporal central e necessitar de equipamento próprio.


Correlação com a temperatura retal:

O termômetro em microchip não apresenta boa correlação com a temperatura corporal central devido, principalmente, à variação do tecido lipídico presente na região subcutânea, temperatura ambiental, escore corporal e tipo de pelagem.

Botāo de texto

Termômetros de contato

Termômetro analógico de mercúrio:

O termômetro analógico de mercúrio está banido na Europa e somente é utilizado o termômetro digital.


Termômetro digital:

Recomenda-se a utilização do termômetro digital com ponta de borracha para diminuir a possibilidade de ocorrer lesão ou perfuração intestinal quando durante mensuração da temperatura retal.

Indicação:

Caso não for possível realizar a mensuração da temperatura retal, em casos de múltiplas mensurações da temperatura corporal ou em casos de resultados imprecisos da temperatura retal como nos casos de tromboembolismo aórtico, por exemplo, é preferível realizar a mensuração da temperatura axilar do que a mensuração da temperatura da membrana timpânica.


Especificidade e sensibilidade:

Hipertermia:

Na mensuração da temperatura axilar em detectar hipertermia, a especificidade é de 100% tanto em cães quanto em gatos, mas a sensibilidade é de 57% em cães e de 33% em gatos.


Hipotermia:

Na mensuração da temperatura axilar, a especificidade para detectar hipotermia em cães é de 87% e a sensibilidade é de 86%, enquanto a especificidade para detectar hipotermia em gatos é de 96% e a sensibilidade é de 87%.


Como realizar?:

A baixa densidade de pelagem presente na região axilar permite a mensuração da temperatura superficial da pele com termômetro digital.

O termômetro deve ser introduzido na área central da axila e o mais dorsal possível.


Vantagens:

Melhor tolerada:

A mensuração da temperatura axilar é melhor tolerada pelo paciente do que a mensuração da temperatura retal e da temperatura da membrana timpânica.


Menor estresse:

A mensuração da temperatura axilar promove menor estresse ao paciente quando comparado com a temperatura retal.


Desvantagens:

Sofre alterações de acordo com raça e pelagem.


Sofre alterações de acordo com o fluco sanguíneo local.


Sofre alterações de acordo com escore corporal: 

Em pacientes que estão  com sobrepeso ou estão obesos, a temperatura axilar é menor do que a temperatura retal. 

A temperatura axilar está mais correlacionada com a temperatura retal em pacientes com escore corporal normal ou que estão abaixo do peso.


Correlação:

Alguns estudos relatam boa correlação entre a temperatura axilar com a temperatura retal, enquanto outros estudos relatam baixa correlação entre a temperatura axilar com a temperatura retal.


Consenso:

A mensuração da temperatura axilar não deve ser substituída pela mensuração da temperatura retal, pois a temperatura axilar pode fornecer resultado menor de 4,3°C em relação à temperatura retal.

Vantagens:

A temperatura da gengiva pode ser um bom preditor da temperatura retal.


Desvantagens:

Requer contato próximo aos pacientes.


Risco de lesão em gengiva.


Transmissão de doenças.

Padrão-ouro:

Na medicina veterinária, a mensuração da temperatura retal é considerada como padrão-ouro para a mensuração da temperatura corporal em cães e gatos conscientes, pois apresenta boa correlação com a temperatura corporal central (apesar de que a temperatura retal ser discretamente menor que a temperatura corporal central) e está relacionada diretamente ao fluxo sanguíneo através da vascularização esplênica.


Vantagens:

Segura e confiável.


Minimamente invasiva e pode ser realizada em pacientes conscientes.


Melhor acurácia e maior precisão:

A mensuração da temperatura retal apresenta melhor acurácia e maior precisão quando comparado com outros métodos de mensuração de temperatura corporal como a temperatura auricular, temperatura axilar e termômetros infravermelhos, por exemplo.

Caso a temperatura retal não estiver consistente com a avaliação clínica do paciente, a mensuração da temperatura retal deve ser repetida antes de tomarmos qualquer decisão diagnóstica e de tratamento.


Desvantagens:

Interferências:

A mensuração da temperatura retal pode ser afetada dependendo do fluxo sanguíneo retal, pela profundidade em que o termômetro retal é inserido no reto, presença de esfíncter anal relaxado, presença de inflamação local, diminuição do tônus muscular, peristaltismo, atividade física do paciente, situações trombóticas, e pela presença de fezes, ar ou massa no reto.


Estresse:

A mensuração da temperatura retal ocasiona em estresse aos pacientes, principalmente caso a for necessária a mensuração seriada da temperatura, e pode provocar comportamentos defensivos do paciente, aumentar a temperatura corporal, alterar a frequência cardíaca e alterar a pressão arterial sistêmica. 

Não é possível realizar a mensuração da temperatura retal em 1,9% dos pacientes devido ao seu estresse, sendo que essa porcentagem é maior quando houver doenças pélvicas, retais ou anais.


Lesão e/ou ruptura:

A mensuração da temperatura retal pode ocasionar em lesão e ruptura da mucosa intestinal ou anal, e ocasiona em desconforto em pacientes com doença retal ou pélvica pré-existente.


Contaminação e servir como fômite:

O termômetro retal está em contato direto com a microbiota intestinal distal e pode servir como fômite de bactérias entre os pacientes. 

A desinfecção do termômetro utilizado pela via retal com etanol ocasiona em baixa desinfecção, mesmo quando o etanol ficar mantido em contato com o termômetro por pelo menos 1 minuto.

A clorexidina não é o produto ideal para a desinfecção do termômetro utilizado pela via retal.

A medicina humana recomenda a desinfecção do termômetro utilizado pela via retal com solução de glutaraldeído ou solução de ortoftaldeído em temperatura ambiente e manter o contato dessas soluções com o termômetro por pelo menos 10 a 12 minutos. 

Para evitar a contaminação do termômetro retal e a contaminação bacteriana entre os pacientes, recomenda-se a utilização de protetores de termômetros descartáveis para a mensuração da temperatura retal em cães, pois esses protetores não interferem na mensuração da temperatura retal e não contaminam o termômetro em si.


Concenso:

A mensuração da temperatura retal continua sendo a única forma confiável de estimar a temperatura corporal na clínica médica veterinária até os dias atuais.

Termômetro infravemelho sem contato

  • Introdução

    Os termômetros infravermelhos sem contato, que ganharam popularidade em 2020 em grande parte devido à pandemia de SARS-COV-2, utilizam sensores piroelétricos para medir a radiação eletromagnética natural que emana do organismo.

    A radiação eletromagnética natural depende da temperatura corporal para ser emitida.

  • Vantagens

    As vantagens da utilização do termômetro infravermelho sem contato são a velocidade da mensuração, conveniência, diminuição do estresse ao paciente e menor possibilidade de ocorrer lesão aos profissionais por mordidas ou arranhaduras ocasionadas pelos pacientes.

  • Desvantagens

    Baixa consistência e não fornece resultados confiáveis:

    O resultado obtido da temperatura não é confiável para os cães e gatos, pois o termômetro infravermelho sem contato fornece resultados inconstantes.


    Necessita de calibração constante do aparelho:

    O termômetro sem contato descalibrado pode apresentar variação de até 3°C e requer calibragem ocasional, mas nem todos os termômetros apresentam a possibilidade de ser calibrado.


    Não identifica adequadamente hipertermia ou hipotermia:

    Com a mensuração da temperatura corporal com termômetro infravermelho sem contato, há a possibilidade de não identificarmos adequadamente os pacientes com hipertermia ou hipotermia, que são importantes condições nos pacientes, principalmente os que estão em estado crítico.


    Superestima a temperatura corporal:

    O termômetro infravermermelho sem contato superestima a temperatura corporal em pacientes com hipotermia.


    Subestima a temperatura corporal:

    Além de subestimar altas temperaturas corporais, a mensuração da temperatura corporal com termômetro infravermelho sem contato subestima a temperatura corporal em 1 a 8,3° C em pacientes com temperatura retal normal, independentemente da área de mensuração.


    Baixa correlação com a temperatura retal:

    Os termômetros infravermelhos sem contato apresentam baixa correlação com a temperatura retal e não fornecem resultados confiáveis.

    A razão para a baixa correlação entre o termômetro infravermelho sem contato com a temperatura retal é desconhecida, mas acredita-se que seja por:


    Variação de temperatura da pele:

    A alta variação da temperatura da pele normal dos cães e gatos de um mesmo indivíduo e em um curto período de tempo diminui a precisão da mensuração da temperatura realizada pelo termômetro infravermelho sem contato. 


    A cor, densidade da pelagem e a massa muscular interferem na leitura da mensuração da temperatura do aparelho:

    O pelo impede a adequada detecção de emissão radiação eletromagnética da pele. 


    Utilização em seres humanos:

    O aparelho foi projetado para realização em seres humanos, embora alguns pesquisadores tenham realizado experimento com termômetro infravermelho sem contato modificado para utilização em cães e gatos.


    Variação no fluxo sanguíneo e emissão de radiação eletromagnética:

    A variação no fluxo sanguíneo arterial e emissão de radiação eletromagnética em cães e gatos são diferentes dos seres humanos e o aparelho pode diminuir a sua precisão.

  • Consenso

    Não é recomendado utilizar o termômetro infravermelho sem contato nos cães e gatos, independentemente do local de mensuração da temperatura corporal, e não deve ser utilizado como substituto para a mensuração da temperatura retal.

    O consenso é de que a mensuração corporal realizada na membrana timpânica não deve ser utilizada e não deve substituir a mensuração da temperatura retal em cães e gatos, mesmo utilizando o termômetro infravermelho específico para os animais.

Introdução:

Como a membrana timpânica é vascularizada pela artéria carótida interna, que também vasculariza o hipotálamo e que é o responsável pela regulação da temperatura corporal, a temperatura da membrana timpânica se correlaciona com a temperatura corporal central.

(Foto: mensuração da temperatura de membrana timpânica em cão ([Fonte: Konietschke, 2014])


Temperatura em pacientes em repouso:

A temperatura da membrana timpânica em pacientes que estão em repouso é de 36,7 a 38,8° C.


Vantagens:

Rápida mensuração:

Alguns termômetros infravermelho sem contato de membrana timpânica, também chamado de termômetro auricular, fornecem a leitura em 1 segundo após sua a ativação.


Utilizado em pacientes agressivos.


Melhor tolerância:

Os gatos apresentam melhor tolerância quando comparado com a mensuração da temperatura retal.


Pacientes com alterações reto-anais.


Desvantagens:

Diferenças anatômicas entre os seres humanos e os cães e gatos:

O termômetro infravermelho auricular foi projetado para mensurar a temperatura da membrana timpânica dos seres humanos, que apresentam canal auditivo reto. 

Os cães e gatos apresentam canal auditivo em formato de "L" e por isso que o termômetro auricular não mensura diretamente a temperatura da membrana timpânica. 

Os termômetros auriculares produzidos para utilização médica veterinária apresenta uma maior curvatura que permite com que o termômetro tenha uma maior proximidade com a membrana timpânica, mas esses produtos são mais caros quando comparado com o termômetro auricular produzido para utilização em seres humanos.


Sofre influência da temperatura ambiente:

Como a membrana timpânica também está em contato com o ar, a mensuração da temperatura da membrana timpânica pode sofrer interferências da temperatura ambiente.


Grande variação da mensuração em comparação com a temperatura retal:

A mensuração da temperatura da membrana timpânica pode apresentar variações devido à presença de cerúmen, fluido e/ou inflamação local.


Não é recomendado utilizar quando houver doenças ou inflamações otológicas.


Necessita acrescentar 0,4° C ao resultado obtido:

O resultado obtido na mensuração da temperatura timpânica é sempre menor quando comparado com a temperatura retal.

Há um estudo científico relatando que o termômetro infravermelho de membrana timpânica subestima a temperatura corporal quando comparado à temperatura retal em cães em cerca de 0,4° C quando mensurado com aparelho específico para os cães e em cerca de 1,3° C quand mensurado com aparelho específico para os seres humanos. 

Importante usar um termômetro específico para animais e uma faixa de referência apropriada ao interpretar as leituras de temperatura do ouvido.


Acurácia da avaliação depende do examinador.


Não recomendado em pacientes que não permitem a introdução do termômetro em seu ouvido:

Algumas vezes, o paciente tolera menos o termômetro infravermelho de membrana timpânica do que o termômetro retal.

Introdução:

O termômetro infravermelho sem contato pode ser utilizado nos olhos dos pacientes, pois a temperatura dos olhos é um indicador preciso e útil da temperatura corporal central.

Em seres humanos, a borda posterior da pálpebra e a carúncula lacrimal apresentam importantes leitos capilares vasculares que respondem rapidamente às alterações no fluxo sanguíneo, resultando em alterações na temperatura corporal.

Mesmo a córnea não apresentando vascularização, quando o filme lacrimal entra em contato com a conjuntiva palpebral e bulbar, o filme lacrimal aumenta a temperatura e distribui o calor por toda superfície da córnea.


Locais de mensuração da temperatura:

Córnea:

A temperatura da região central da córnea dos cães é menor em relação à temperatura retal, sendo que a temperatura da região central da córnea dos cães é de 34,4 a 35,2°C, enquanto temperatura da área central da córnea dos gatos é 1,2°C menor do que a temperatura retal.


Limbo:

A temperatura do limbo nasal tende a apresentar temperatura maior em relação às demais estruturas oculares devido ao seu maior fluxo sanguíneo.


Vantagens:

Auxilia no diagnóstico de algumas doenças oculares:

Na oftalmologia humana, a mensuração da temperatura ocular representa um método rápido de diagnóstico para algumas doenças oculares como a ceratoconjuntivite seca, pois a manutenção da temperatura da superfície da córnea depende do filme lacrimal.

Os seres humanos com ceratoconjuntivite seca apresentam diminuição da temperatura da superfície da córnea.

A vascularização corneana nos animais com ceratoconjuntivite seca não mantém a temperatura da superfície ocular.


Desvantagens:

Não conseguimos mensurar a temperatura adequadamente:

Dificilmente conseguimos mensurar adequadamente a temperatura dos olhos devido à constante movimentação dos olhos pelo paciente.


Interferências:

Tanto o exercício físico quanto a luz solar direta sobre os olhos aumenta a temperatura dos olhos.


Correlação com a temperatura retal:

Apesar de apresentar boa sensibilidade, a mensuração da temperatura dos olhos dos animais não apresenta boa correlação com a mensuração da temperatura retal.

Sensibilidade:

A mensuração da temperatura da gengiva com termômetro infravermelho sem contato apresenta 90% de sensibilidade em pacientes que apresentam hipertermia.


Especificidade:

A mensuração da temperatura da gengiva com termômetro infravermelho sem contato apresenta 95% de especificidade em pacientes que apresentam hipertermia.


Vantagens:

A mensuração da temperatura da gengiva com o termômetro infravermelho sem contato apresenta melhor potencial clínico quando comparado com termômetro de contato.

As regiões de pele em que já tentaram mensurar a temperatura corporal são na região da veia jugular, nos ombros, dígito, costela, flanco, abdômen e parte interna da coxa.

Fatores que interferem na temperatura corporal

A anestesia pode reduzir a temperatura corporal.

Quando a temperatura ambiente se aproxima ou excede a temperatura corporal, o calor é dissipado principalmente por evaporação, que em cães é realizada através do trato respiratório, ou seja, através da respiração.

Pacientes com alterações nas vias respiratórias como os cães com a síndrome da obstrução aérea dos braquicefálicos, por exemplo, podem apresentar elevação na temperatura corporal.


As doenças podem ocasionar em vasodilatação ou vasoconstrição da microcirculação devido à ativação do sistema nervoso autônomo ocasionada por:

Hipóxia.


Inflamação.


Infecção.


Dor.

Os pacientes que estão com sobrepeso ou com obesidade apresentam maior camada de tecido lipídico, que é um isolante térmico, no tecido subcutâneo. 

O tecido lipídico diminui a perda de calor do corpo para o ambiente. 

Os animais magros conseguem dissipar melhor o calor corporal com o ambiente.

Alguns pacientes saudáveis podem apresentar temperatura corporal de até 39,7° C no atendimento médico veterinário devido ao estresse, independentemente se o estresse do paciente for agudo ou crônico, devido à ativação do sistema nervoso autônomo simpático.

O exercício físico de curta duração aumenta a temperatura retal em média 2,1° C.

O exercício físico ocasiona na produção de calor metabólico devido à produção e utilização de ATP, no qual parte do calor é armazenada temporariamente e a outra parte do calor é dissipada para evitar hipertermia e lesões relacionadas à alta temperatura corporal. 

O paciente que realizou exercício físico pode apresentar hipertermia, pois o calor gerado pelo exercício físico ultrapassa a capacidade do organismo de dissipar calor. A elevação da temperatura retal e da temperatura muscular devido ao exercício prolongado em cães está associada à redução dos níveis de fosfatos de alta energia (ATP e CrP) e ao aumento dos níveis musculares de lactato, piruvato e AMP.


Isolante térmico:

O pelo é um isolante térmico, ou seja, evita a perda de calor dos animais para o ambiente.


Comprimento:

Os animais com pelo mais longo apresentam uma melhor proteção contra a perda de calor.


Coloração:

A coloração da pelagem também pode interferir na temperatura corporal.

Os animais com pelagem de coloração mais escura apresentam maior temperatura corporal após um exercício físico quando comparado com os animais com pelagem de coloração mais clara.

Os animais com pelagem de coloração mais clara conseguem manter uma temperatura corporal menor durante o estresse ocasionado pelo calor quando comparado com os animais com pelagem de coloração mais escura. A pelagem de coloração mais clara promove maior refletividade da luz quando comparada com a pelagem de coloração mais escura.

As diferenças na temperatura corporal baseadas no sexo podem ser resultado de hormônios sexuais, proporções corporais ou mecanismos termorreguladores.

A influência do estrogênio e da progesterona na temperatura central corporal durante o ciclo menstrual das mulheres é reconhecida há muito tempo. Interações complexas entre a norepinefrina e o estrogênio ocorrem no cérebro das mulheres, sendo que o estrogênio aumenta o limiar de sudorese e a norepinefrina diminui a zona termoneutra, iniciando a dissipação de calor.

Os homens tiveram maior temperatura corporal média pós-exercício físico e do que as mulheres.

Os cães são capazes de manter a temperatura em uma ampla faixa das condições ambientais e climáticas, mas há situações de extrema temperatura ambiental em que o organismo dos cães não conseguem dissipar o calor corporal e ocorre a intermação.

A alta umidade ambiental restringe a quantidade de calor corporal dissipado.

Há um estudo científico relatando que os cavalos que realizam exercício físico em condições ambientais quentes e úmidas apresentam temperatura sanguínea (mensurada através da artéria pulmonar) maior  do que cavalos que realizam exercício físico em condições ambientais quentes ou frias e secas.


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Atualizado em: 30/04/2024